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Eiji Teruya:Brasil

2018年05月28日 10:19 by tabunka_tokai
2018年05月28日 10:19 by tabunka_tokai

Na Conferência dos Residentes Estrangeiros de Aichi realizada em setembro de 2017, houve o relato de vários jovens com raízes no exterior que serão a base da nova geração e que debateram sobre promover a convivência multicultural na província de Aichi daqui para a frente.

Um deles, foi o Nikkei brasileiro Eiji Teruya, que em 2016, foi o primeiro de nacionalidade brasileira a ser aprovado no exame obrigatório de qualificação nacional para atuar na área jurídica (Shihou Shiken). Esta notícia foi divulgada por várias mídias e animou as pessoas relacionadas nestes assuntos. Apesar de estar muito ocupado por ser um período antes de ingressar no estágio (shihou shuushu), pudemos entrevistar o Teruya no Internacional Plaza, do município de Kariya, que também é considerada uma das suas “cidades de origens”.

 

-Onde você nasceu?

No Brasil. Nasci na Liberdade, Estado de São Paulo em 1992. Meu avô materno é de Okinawa, e ouvi dizer que ele emigrou de Naha ao Brasil em 1957. Portanto, eu sou descendente de japonês da terceira geração. Fiquei no Brasil até os 8 anos e neste período, fui algumas vezes para Okinawa. Aos 8 anos, vim ao Japão trazido pela minha mãe decasségui.

-Como era a situação assim que chegou ao Japão?

A casa ficava na província de Saitama, na cidade de Kawazoe. Minha mãe trabalhava numa indústria alimentícia, e eu fui matriculado no terceiro ano do shougakkou (3º. ano do ensino fundamental I) próximo a minha casa. Até me acostumar com a rotina escolar foi bastante difícil. Mas, como conversava um pouco com meu avô materno em japonês e tive a sorte de fazer bons amigos não posso dizer que foi extremamente sacrificante. Em vez disso, tive mais dificuldades com a diferença ambiental. Perto da minha casa tinha uma montanha com muitos insetos que eu não gosto (risos).

-Em que época você veio para a província de Aichi?

Foi na primavera do segundo ano do chuugakkou (8°ano do ensino fundamental II). Devido ao trabalho da minha mãe, vim primeiro para o município de Shinshiro e após um ano mudamos para o município de Kariya. Através do sistema de “recomendação escolar”, ingressei em um Koukou (colégio de ensino médio) do município de Toyota. A faculdade foi na Universidade de Nagoya, mas continuei morando em Kariya. Durante o Koukou, o percurso somente de ida levava mais de 2 horas, portanto foi bastante dificil. Já fazem 10 anos que vim para Kariya. Até agora foi o local mais longo, mais que São Paulo.

-Desde quando começou a pensar em se tornar um advogado?

Aproximadamente no segundo ano do chuugakkou (8°ano do ensino fundamental II). Nessa época, passavam muitas novelas de advogados e eu achava muito legal. Quando ingressei no Koukou (ensino médio), já tinha decidido que ingressaria na faculdade de Direito. Na província de Aichi, universidades públicas que possuem cursos de Direito como a Universidade de Nagoya são muito poucas, portanto, tinha decidido que a minha primeira opção seria entrar no curso de Direito da Universidade de Nagoya e me dediquei com afinco aos estudos. O professor do Koukou era muito prestativo, esforcei-me principalmente em matemática e inglês. Em virtude disso, não precisei frequentar cursinhos preparatórios ou contratar professores particulares e fui aprovado na primeira opção. Sinceramente acredito que isso foi graças aos meus professores e amigos.

-Sua mãe deve ter ficado muito contente também não é?

Sim. Havia falado para ela que almejava a faculdade de Direito, mas ela não sabia muito bem sobre a Universidade de Nagoya. De qualquer forma, ela ficou muito feliz e, logicamente eu também fiquei contente.

-E a vida na universidade também foi diariamente de estudos?

Não, não é exatamente dessa forma. Revezava entre estudos e práticas, e desde o primeiro ano, dentro da universidade participava do círculo de 「Consultas Jurídicas」como voluntário juntamente com os alunos veteranos. No primeiro e segundo, tinha a função de ser o 「secretário」e registrar o conteúdo das consultas feitas pelos alunos veteranos. No terceiro ano, realizava as atividades de receber as consultas e pensar nas respostas, e após a revisão do professor orientador passava para a pessoa que fez as consultas. Havia em média de 60 a 70 consultas por ano, sendo um bom conteúdo para estudos. Além disso, no final do terceiro ano, participei como voluntário do Programa Internacional JETS após ver por casualidade, o poster na faculdade. Ajudei auxiliando os estudos das crianças que necessitam de um suporte especial de uma escolar primária da cidade de Nagoya. Nesta escola havia muitas crianças que tem raízes no exterior, e na sala das crianças que necessitam de apoio especial, haviam várias crianças brasileiras.

Ah, e aliás, no chuugakkou (ensino fundamental II) também estava no clube de arco e flecha, e para pagar as despesas da faculdade, precisei fazer bicos (arubaitos) também. Portanto não fiquei somente estudando (risos)

-Ah era assim (risos). Depois ingressou no curso de mestrado, né?

Sim, estudei 2 anos no mestrado de Leis, conhecido como o「Law School」do curso de Direito da Universidade de Nagoya. Terminei em março de 2016 e em maio fiz o Exame do “Shihou Shiken” ( exame obrigatório de qualificação nacional para atuar na área jurídica ) e em setembro recebi o resultado de “aprovação”, e assim cheguei onde estou agora.

-“Passar na primeira” é muito incrível! Mas, e o que fez depois disso até o presente momento?

Após ser aprovado no “Shihou Shiken” geralmente se faz um estágio para as práticas judiciais, mas antes de fazer o exame, eu pensei em voltar ao Brasil uma vez e ver como está o Brasil atualmente. Através da indicação de um advogado, tive a oportunidade de me encontrar com o Dr. Masato Ninomiya, fazer um estágio no escritório dele durante os meses de março a setembro de 2017, e aprimorar os meus conhecimentos. Por sorte, a casa da minha tia ficava próximo do local, e pude fazer o percurso todos os dias da casa dela.

-Como encontrou o Brasil após 10 anos?

Foi muito mais difícil do que eu imaginava. Ainda converso com a minha mãe em português, mas, no Brasil não entendiam o meu português. No dia a dia havia várias situações que tinha dificuldade, principalmente no diálogo por telefone. Quando ia aos restaurantes, havia o sistema de buffet 「por quilo」onde colocamos no prato o que desejamos e de acordo ao peso é calculado o valor a ser pago. Quando tentei perguntar 「este valor está correto?」, não conseguiam me entender.

A maior diferença que senti com o Japão, é com certeza em relação a segurança. No Japão, mesmo ficando bebâdo por tomar bebidas alcoólicas até tarde da noite, não há grandes problemas, mas no Brasil por ser perigoso isso não poderia fazer. Por isso, naturalmente, estava me cuidando para tomar pouco e voltar logo para casa (risos).

No ambiente de trabalho, pude compartilhar diversas situações de consultas e, pela primeira vez, desejei estudar profundamente as Leis do Brasil. Além disso, sinto uma verdadeira admiração pela postura profissional do Dr. Ninomiya. Está sempre ocupado e se esforçando muito, fazendo-me até pensar “que horas será que está dormindo”?

-Logo após o seu retorno, já participou na 「Conferência dos Residentes Estrangeiros de Aichi」promovido pela província de Aichi. O que o levou a esta circunstância?

Através de um conhecido, pude conectar-me com a responsável do Setor de Promoção Multicultural da província de Aichi no mês de maio, e através dela recebi este convite. Como não tinha experiência em expôr minhas idéias ao público, pensei “será que serve eu?”, mas aceitei para poder ser útil de alguma forma.

Ao participar, achei muito interessante. Os demais participantes eram todos muito divertidos. Pude ouvir várias opiniões diferentes da minha. Por exemplo 「é melhor não auxiliar demais os estrangeiros, pois é importante que eles se tornem independentes」. Com certeza isso é válido, mas eu penso que é necessário oferecer um ambiente de vida adequado onde os indivíduos possam se tornar independentes e criar uma sociedade onde as pessoas que se esforçam e fazem o seu melhor, sejam recompensadas. Eu gostaria de contribuir para isso. É difícil se tornar independente se o ambiente de trabalho, o ambiente educacional, etc. não tiverem uma certa estabilidade. Muitas pessoas ainda estão em uma situação instável. Gostaria de ser a força que ajude estas pessoas.

-Durante a Conferência, também houve o debate sobre tramitar a nacionalidade japonesa não é?

Sim. Penso que cada um deve refletir sobre isso e decidir, não penso que uma decisão seja melhor que a outra. Eu particularmente, desejo seguir com a nacionalidade brasileira. Eu penso que as pessoas que estão na mesma situação que eu (estrangeiros dentro do Japão) podem sentir confiança ao serem atendidos por alguém da mesma nacionalidade. Acredito que poderei pensar e entender melhor estando na mesma posição dos clientes que vêm fazer as consultas.

-Isso é um fato. No final, poderia nos dizer os seus planos para o futuro, por favor?

Sim, a partir do próximo mês, irei para o “estágio jurídico” na província de Saitama. O período será de um ano, mas durante esta época terei as práticas em Nagoya e no mês de novembro haverá o 「segundo teste」como é chamado a prova aos alunos que fizeram o estágio, e sendo aprovado, poderei finalmente fazer o registro como advogado. Na verdade, só poderei atuar como advogado depois disso, provavelmente na primavera do ano 2019. Até este momento, vou me dedicar muito aos estudos e ás práticas.

-Agradeço por você responder à esta entrevista hoje apesar de estar tão ocupado.  Ficaremos na expectativa da sua atuação!

Muito obrigado!

 

Tradução:Network Multinacional de Jovens Pas a Pas

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